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União Mutualista Nossa Senhora da Conceição: “O ADN desta instituição é, e sempre foi, prestar o máximo de apoio à comunidade”

União Mutualista Nossa Senhora da Conceição: “O ADN desta instituição é, e sempre foi, prestar o máximo de apoio à comunidade”

Com nove equipamentos, onde funcionam treze valências, IPSS vai-se “modernizando consoante as necessidades da população”

“Proteger a população mais vulnerável da vila de Aldeia Galega, quer a nível da saúde, quer na hora da sua morte”. Foi a partir deste motivo que, segundo Pedro Santos, o seu actual presidente, foi fundada “a 18 de Novembro de 1872 pelo rei D. Luís I” a Associação Fraternal do Monte-Pio, hoje intitulada União Mutualista Nossa Senhora da Conceição. “Antigamente quando uma pessoa falecia, se não tivesse posses, era colocada directamente na terra por não conseguir pagar um caixão. Por esta razão muitas das mutualidades, inclusive esta, nasceram com o propósito de disponibilizar um subsistema de apoio à morte à comunidade da vila”, revela.

Os anos foram passando e “os tempos foram-se modernizando, tal como aconteceu com a instituição, que foi evoluindo para colmatar as necessidades da população nas mais diversas áreas”, afirma Patrícia Soares, enfermeira-chefe e membro do Conselho de Administração. Passados 147 anos, a União Mutualista conta actualmente com “nove equipamentos, dentro dos quais funcionam treze valências, onde são cuidadas diariamente mais de mil pessoas”. “O primeiro passo neste sentido aconteceu em 1912, com a criação da Farmácia Social”, conta Pedro Santos, acrescentando que “por mês esta valência atende cinco mil clientes”.

Com a sua criação surgiu a necessidade de existir um médico no local. Assim “nasceu no mesmo edifício um posto de atendimento médico”, que veio mais tarde “a transforma-se no Centro Clínico, com 19 especialidades médicas e três prevenções”. Ligado à instituição funcionou até Abril de 2018, ano em que foi “assinado um contracto de gestão com o Grupo José Mello Saúde”. “Apesar de ser um marco na IPSS, pelos consecutivos valores negativos que apresentava e para o bem da evolução positiva da instituição, houve a necessidade de trespasse”, refere Patrícia Soares. Para a realização deste acordo, “foram feitos dois pedidos, aceites pelo grupo: que se mantivessem os trabalhadores e que os 3 600 sócios continuassem a ter benefícios”.

Por sua vez, a Casa da Criança surge em 1965/68 “com o intuito de dar apoio aos filhos das trabalhadoras do Montijo”. “Por volta desta década as mulheres começaram a entrar no mundo do trabalho e não tinham onde deixar as crianças. Surge esta valência, que conta actualmente com creche, pré-escolar e, ainda, com o Centro de Actividades e Tempos Livres ‘A Caminho da Juventude’. Esta veio a dar origem, a 17 de Novembro de 2001, ao Centro Infantil António Marques, com as valências de creche e pré-escolar”, diz a enfermeira-chefe.

“As restantes valências surgiram, também, como resposta aos problemas que foram aparecendo. Por exemplo, com o crescimento de vítimas de violência doméstica, começou a funcionar, em Março de 2004, a Casa Abrigo, numa parceria com a Câmara Municipal do Montijo. Passados dois anos apareceu um novo projecto, através de um acordo de cooperação com a Segurança Social, no sentido de apoiar famílias e jovens das freguesias do Esteval e Caneira. Foi assim criada uma parceria com vista à abertura de um Centro Comunitário, apelidado de ‘Mais Cidadão’, pois existem nestes locais dois bairros sociais que acarretam problemas que estão intrínsecos a eles próprios. Um centro comunitário dá apoios de todas as naturezas e, neste momento, estão a ser ajudadas 240 famílias”, revela em seguida. Com o objectivo de auxiliar “ainda mais famílias carenciadas”, a instituição candidatou-se “no último trimestre de 2019 a uma parceria com o Banco Alimentar, num projecto relacionado com o Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas”, a partir do qual estão a apoiar “74 agregados familiares”.

Com o envelhecimento da população, foi também “necessário criar uma resposta para esta comunidade”, área que “mais tem crescido nos últimos anos” e em que “o Centro Polivalente para Idosos é disso exemplo”. “Inaugurado em Novembro de 1997, viu mais tarde os seus serviços serem integrados no Lar Montepio, local que passou a abranger as valências de Serviço de Apoio Domiciliário e de Centro de Dia”, refere o presidente. No seu edifício foi, ainda, inaugurada a “Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção – Acreditar, com a missão de contribuir para o bem-estar das pessoas com doenças ou processos crónicos”.

Para Pedro Santos, a União Mutualista Nossa Senhora da Conceição “tem uma relação próxima e muito abrangente com a população, desde que foi fundada até hoje”. “O ADN desta instituição é, e sempre foi, prestar apoio à comunidade. Os princípios com que foi criada ainda se mantêm e até mais porque se vai modernizando consoante as necessidades da população”. Já Patrícia Soares afirma estar “orgulhosa do que a instituição é hoje e do que tem vindo a ser construído”. “Os últimos três anos foram de trabalho árduo, mas estamos agora a perceber que valeram o esforço. Voltámos a ser notícia pelos feitos alcançados, inclusive no mundo inteiro, e não por más decisões”, refere.

Direcção “revoluciona casa” para resolver problemas estruturais antigos

Quando assumiram os cargos que hoje ocupam, Pedro Santos e Patrícia Soares encontraram “uma instituição com muitos problemas”. “A instituição estava numa curva de desmotivação, com um passivo de 10 milhões de euros e ordenados em atraso três meses. Quando chegámos não havia coesão, nem espírito de grupo que dissesse “nós somos a União Mutualista”. Pelo contrário, havia rivalidade interna”, refere o presidente.

Para solucionar “o problema” foi necessário “revolucionar a casa”. “Tivemos de reavaliar as valências e começar a organizar processos. A única forma que encontrámos foi candidatarmo-nos a um plano especial de revitalização. Entre 2018 e 2042 arranjámos forma de anualizar o valor”, esclarece. Mas para conseguir este plano “existiram imposições”. “Uma delas era que passássemos a apresentar resultados positivos. Para tal tivemos de reavaliar as valências e ver as que davam valores negativos. Encontrámos o Centro Clínico, que estava a perder 200 mil euros por ano há 15 anos. Com o seu trespasse ainda recebemos 800 mil euros”, revela.

Nas restantes áreas, para além de outras medidas, foi necessária “a reestruturação do quadro pessoal, através da abdicação de 50 pessoas, e foram realizados “investimentos para aumentar capacidades”.

Instituição pioneira “em projectos de destaque” e com certificação de qualidade

Com o propósito de “oferecer o melhor à comunidade”, a União Mutualista Nossa Senhora da Conceição tem conseguido “ser a pioneira em projectos de grande destaque”, tal como aconteceu com a atribuição, em Dezembro de 2019, da Certificação ISO 9001. “Esta é a única mutualidade do País em que todas as suas respostas sociais estão certificadas”, afirma Pedro Santos, revelando que “é um sonho realizado e é o caminho que a direcção quer seguir”.

“Este objectivo trouxe-nos a certeza de que a forma como trabalhamos é a mais correcta. A implementação deste sistema obriga não só a dizer o que se faz, mas também a mostrar evidências. Levámos um ano e meio a tratar de tudo, para que tudo passasse a estar dentro das normas”, diz Patrícia Soares.

No período de pandemia surgiu um outro projecto inovador, a Box das Emoções, espaço em que os idosos conseguiram estar em contacto com os familiares sem o risco de contrair a Covid-19. “Tivemos o lar fechado 60 dias, com 96 utentes. Notámos que os problemas de saúde foram diminuindo, mas que os emocionais pioraram. Para colmatar esta necessidade pensámos em várias hipóteses, mas o produto final foi um sucesso e fomos reconhecidos não só em Portugal, mas também internacionalmente”, explica o presidente.

Fonte: https://www.osetubalense.com/dossie/especial-165-anos/2020/08/15/uniao-mutualista-nossa-senhora-da-conceicao-o-adn-desta-instituicao-e-e-sempre-foi-prestar-o-maximo-de-apoio-a-comunidade/